Viajando pela (Tele)Dramaturgia brasileira – Vol I

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Melhor que viajar é “viver a experiência” do lugar! Nossa geração tem um acesso rápido e simultâneo a tantas informações que é quase impossível passar despercebido um lugar que não “converse” conosco, que não nos conte uma história ou reative uma lembrança de algo que nos marcou. Em nossas últimas viagens, pela Bahia e a região Sul, a literatura e a teledramaturgia caminharam junto de nós construindo um cenário romântico, cultural e inesquecível.


Andar pelas ruas do Pelorinho, em Salvador, por exemplo: é lembrar das aulas de história do Brasil, do carnaval de rua mais tradicional, das baianas com seu acarajé e da arquitetura portuguesa com suas casinhas pequenas, coloridas e seqüenciadas, correto? Vou acrescentar mais uma experiência: é lembrar da obra de Jorge Amado, “Dona Flor e seus 2 maridos”, quando Flor desce a ladeira do Pelô abraçada com Theodoro e o fantasma de Vadinho, um em cada braço! É lembrar das peripécias de Lázaro Ramos em “Ó Pai, ó!”, filme que originou o seriado da Rede Globo, e das músicas da Timbalada e Olodum que te acompanham no sobe –desce nas ladeiras de pedra.



Separada da agitação de Salvador, a Ilha de Itaparica parece que parou no tempo e conserva muito do modo de vida baiano e seus costumes. Uma comunidade formada em maioria por pescadores, com pessoas andando de carroça e crianças brincando despreocupadamente nas ruas. Nesta cidade nasceu um dos meus escritores prediletos, João Ubaldo Ribeiro. Como bom cidadão, a maioria dos seus livros e contos se passa em Itaparica, vide “Viva o povo brasileiro”, “Já podeis da Pátria Filhos” e o conto que deu origem ao filme “Deus é brasileiro”. O autor de “O sorriso do Lagarto” é um apaixonado pelas belezas naturais com que Deus abençoou seu Estado, e eu e a Karilyn, na qualidade de críticos da natureza, temos que concordar!



Em Ilhéus, porta de entrada da Costa do Cacau e cenário das gravações da novela “Renascer”, um pouco mais de Jorge Amado! Visitamos o Bar Vesúvio, onde foi filmada a cena antológica de uma das maiores obras do escritor baiano, Gabriela Cravo e Canela. Hoje o prédio não apresenta mais o telhado de barro famoso escalado por Sônia Braga para o deleite dos transeuntes. Mas você chega na praça da linda catedral de Ilhéus, a poucos metros da praia, do outro lado o recanto boêmio da cidade, e é quase impossível você também não se ver olhando pra cima do Bar Vesúvio. Na espera de Gabriela ou pra dizer que um dia você foi parte daquela história também...

No sul, visitamos Curitiba e instantaneamente veio a lembrança da primeira vez que vi os pontos turísticos da cidade que foram todos planejados no início da década de 1990. Lembro que a Estufa do Jardim Botânico da cidade eu conheci numa novela vespertina da Globo, com a Patrícia França e Leonardo Vieira, chamada Sonho Meu. Quando visitei esta cidade, foi impossível não lembrar as cenas românticas - o local é muito bonito e inspira muito os casais apaixonados! São os jardins? É o clima? É a arquitetura do local? Há algo em Curitiba que fala diretamente com você!

Quando estivemos no Rio Grande do Sul fazendo um trekking pelos cânions de Cambará do Sul, ficamos sabendo que a Globo gravou lá cenas da minissérie “A Casa das Sete Mulheres”. As batalhas do exército republicano no evento conhecido como Revolução Farroupilha tiveram como cenário os abismos de Cambará, um lindo lugar recortado por rios e cachoeiras, e que quase constantemente está recoberto por neblina. Qual é minha surpresa quando, seis meses após esta nossa viagem, ligo a tevê e vejo novamente Cambará do Sul nas cenas da nova novela “A Vida da Gente”, que utiliza cenas externas nesta cidade, e outras em Gramado e Canela também!

Por isso que eu frizo: o melhor da viagem é a experiência que ela deixa conosco, como algo que aprendemos, guardamos com emoção, sentimos falta e ficamos loucos em rever mais uma vez.

 

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